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Setembro Amarelo: Quando Vamos Falar Sério Sobre Saúde Mental?

Todo mês de setembro, as campanhas sobre saúde mental ganham força, mas há uma grande diferença entre falar sobre o tema e, de fato, agir para promover mudanças reais. Se falamos tanto em saúde mental, por que ambientes como o trabalho, os relacionamentos e até as redes sociais ainda promovem dinâmicas que prejudicam tanto nossa mente?



Relações abusivas nas empresas: quando o ambiente de trabalho é o vilão


O local de trabalho deveria ser um ambiente de crescimento, mas muitas vezes, é um dos maiores responsáveis pelo adoecimento mental. Quantas vezes você já presenciou ou viveu situações como:


  • Cobrança desumana por metas inatingíveis: Funcionários constantemente pressionados a entregar mais do que podem, com poucos recursos materiais e humanos, muitas vezes e recebendo pouco ou nenhum reconhecimento.


  • Falta de respeito pelos limites pessoais: Exigir disponibilidade fora do horário de trabalho, forçar o funcionário a “viver para a empresa” e desconsiderar o descanso ou tratar cansaço como "fraqueza", principalmente se for uma mulher.

    Esse tipo de cobrança é visto como "normal" em muitas empresas, mas mina a saúde mental e gera esgotamento. Não a toa, estamos vivendo uma onda crescente dos casos de burnout.


  • Assédio moral disfarçado de "liderança forte": Líderes que humilham, fazem piadas ofensivas, ou tratam os erros como oportunidades para expor e envergonhar os colaboradores. Esse tipo de abuso emocional faz com que muitas pessoas vivam em constante estado de alerta, ansiosas para não "falharem".


Tudo isso é rotineiramente ignorado até que, em setembro, os mesmos ambientes tóxicos levantam bandeiras em prol da saúde mental. A realidade é que promover a saúde mental significa agir, e não apenas falar sobre em um curto período do ano.


Ao longo de 15 anos de atuação na clínica, seria possível escrever um livro sobre tantos abusos sofridos por pessoas que chegam ao consultório adoecidas, feridas emocionalmente, inseguras, vulneráveis, mesmo sendo profissionais muito competentes.


Relacionamentos tóxicos: quando o amor faz mal


Nos relacionamentos pessoais, o problema não é menor. Você já ouviu frases como:


  • "Eu só faço isso porque te amo!" — uma justificativa para controle excessivo ou ciúmes doentios, que muitas vezes mascaram o abuso emocional.


  • "Se você me amasse de verdade, faria o que eu peço." — uma forma sutil de manipulação, onde o parceiro (ou parceira) impõe suas vontades, deixando a outra pessoa sufocada e sem espaço para suas próprias necessidades.


Esses exemplos são apenas a ponta do iceberg de uma infinidade de relações abusivas que destroem a autoestima e deixam cicatrizes emocionais profundas. O problema é que muitas pessoas só começam a perceber o quão nocivos esses relacionamentos são quando já estão emocionalmente esgotadas.


Redes sociais: o palco das aparências e do sofrimento oculto


E o que dizer das redes sociais? A princípio, uma ferramenta de conexão, mas, com o tempo, viraram palco de comparações incessantes e cobranças veladas.


  • Expectativa versus realidade: As redes sociais nos bombardeiam com imagens de vidas perfeitas, corpos ideais e felicidade ininterrupta. Isso gera uma pressão constante para se encaixar em padrões irreais, levando a sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Muitos estudos alertam sobre os danos causados à saúde mental de adolescente e jovens, por exemplo.


  • Comparação constante: Ver os sucessos e conquistas dos outros, enquanto nossas próprias dificuldades são ignoradas ou escondidas, pode criar um ciclo de frustração e ansiedade. Além de contribuir para a sensação de insuficiência e de não pertencimento.


  • Busca por validação: A quantidade de curtidas, comentários e seguidores se tornou, para muitos, um termômetro de autoaceitação. Mas essa busca por validação externa pode ter consequências sérias para a saúde mental, criando uma dependência perigosa da aprovação alheia.


E por que ainda temos medo de falar sobre saúde mental?


Mesmo com tantos sinais claros de que precisamos cuidar da nossa saúde mental, ainda existe um grande tabu em torno do tema. Dentro das empresas, admitir que você precisa de ajuda psicológica pode ser visto como um sinal de fraqueza. Nas redes sociais, onde tudo parece perfeito, quem ousa mostrar vulnerabilidade? E, nos relacionamentos, é comum o sofrimento emocional ser tratado como algo “normal” ou “parte da vida”.


Do Setembro Amarelo para o ano inteiro


Setembro Amarelo é um lembrete importante, mas se não usarmos essa conscientização para agir de forma concreta, nada mudará. O cuidado com a saúde mental deve ser constante e envolve mais do que campanhas mensais. Devemos transformar a maneira como tratamos uns aos outros, seja no trabalho, nas relações ou nas redes sociais.


Que tal começar a mudança agora? Não só por um mês, mas pelo resto da sua vida.

 
 
 

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